terça-feira, 30 de novembro de 2010

Bolsas: sempre desejadas!!

INVESTIMENTO EMOCIONAL EM BOLSAS

       Bolsa não é apenas um acessório, ela é uma peça afetiva que transporta não só nossos bens, como também nossas lembranças, segredos e manias. Poderíamos entende-la como a parte da vestimenta que esconde a nossa alma. Ao entrever os pertences contidos em uma bolsa, como eles são arrumados, ou desarrumados, podemos realizar a leitura através dos objetos-símbolos ali contidos que revelam o íntimo da pessoa que a porta.
       A primeira referencia sobre bolsa é encontrado nas Sagradas Escrituras em Isaías 3.16 que diz “Naquele dia tirará o Senhor os seus enfeites: os anéis dos artelhos, as toucas, os colares em forma de meia-lua, (...) os xales, as bolsas, os espelhos as capinhas de linho e as tiaras.” Os primeiros vestígios do design de bolsas foram encontrados em pinturas rupestres onde mulheres portavam bolsas penduradas nos braços. Até a idade média a bolsa masculina era diferenciada da feminina pelo tamanho (maiores), mas igualmente adornadas com pingentes, franjas com fios de ouro e prata, e curiosamente eram atados aos cintos.
       A partir do seculo XVI a bolsa começa a ser considerada um acessório da moda. Mas as mulheres as usavam escondidas debaixo das suas enormes saias, e nelas eram colocados seus pertences e sais de cheiro, garrafas de bebidas. Por ficarem debaixo das saias, não tinham muitos ornamentos.
       Em todos as épocas porém as bolsas foram acessórios que transportavam valores financeiros e afetivos, tornando-se uma peça intima e companheira.



DE RIDÍCULAS PARA OBJETOS CULTURAIS

       No século XIX as bolsas foram confeccionadas para transportar pequenos ”mimos” femininos como lencinhos e leques, e foram denominadas na Fança de “ridicules” (ridículas), daí serem conhecidas como “retícule” tanto na França quanto na Inglaterra, e tornado-se peças essenciais na vestimenta feminina. As “reticules” foram substituídas pelas Chatelaines, um “adorno” de ostentação confeccionadas em ouro ou em prata. Seguindo a tendência das Chatelaines, empresas como a Whiting and Davis Company se especializar em bolsas confeccionadas em metal. Esse sucesso durou 100 anos. No início do século XX surgem as bolsas em tapeçaria e bordadas com temas romanticas, que hoje são consideradas obras de artes.
       No século XX a moda perde seu aspecto frívolo e passa a ser um referencial cultural, onde a bolsa é um dos acessórios que melhor traduzem as práticas práticas sociais. Com a industrializaçao e produção em massa, as bolsas passaram a ter um número maior de opções, estilos e usos. Surgem as bolsas de compras, maiores, utilizadas no dia a dia das mulheres que se tornaram mais ativas, e as bolsas de viagem, para o translado nos novos meios de transporte, os trens e os aviões.



A ERA DA LIBERDADE

       Modernidade. A mulher se livra do espartilho e ganha liberdade para escolher com que bolsa deve ir ao teatro a noite, ao trabalho de dia. Em 1920 a bolsa dominante eram as carteiras de couro, que poderiam ser usadas de dia e de noite. No entanto, a Art Decó, movimento precursor da Arte Moderna, apesar de rejeitar os estilos do século anterior, se inspirou nas bolsas confeccionas em metal, originads nas Chatelaine.
       Na década de 30, apesar da crise financeira de 1929, houve uma grande vivificação da criatividade em design. As bolsas desta década eram em geral pequenas, arrematadas com fechos de metal e em estilo esportivo, de acordo com as mulheres do pós guerra, grandemente influenciadas pela nova mídia - o cinema.



FEITAS DE SONHO, ARTE E RESISTÊNCIA

       O cinema e suas estrelas passaram a inspirar a confecção das vestimentas e acessórios. Em 1936 foi criada uma bolsa francesa inspirada no filme Cleopatra de 1934, com Claudete Colbert. Depois da Segunda Guerra o couro some do mercado europeu, pois foi proibido o seu uso, e é preciso buscar novas opções de materiais. O estilista frances, Lucien Lelong cria em 1941, uma bolsa cque se assemelha a um toco de arvore de perfil, e que vira febre na Europa. Surgem bolsas de plástico bakelite, de tapeçaria, madeira, dentre outros materiais. Numa era de tantas restrições e com a necessidade da produção em série, surgem os maiores nomes da moda, que viam diante de si o desafio de manter a feminilidade e a estética.
       A moda da resistência tem em Lucien Lelong um design emblemático, pois defendeu a manutenção das maisons em Paris e conseguiu manter 92 ateliers abertos, dentre eles os de Jacques Fath, Nina Ricci, Marcel Rochas, Charles James, Coco Chanel e Christian Dior, estes últimos criaram a mulher moderna dos anos 50.

CHANEL 2.55
       Criada em Fevereiro de 1955, daí o seu nome, foi a primeira bolsa de ombro. Sua confecção passa por 180 processos, realizados por profissionais que trabalham  há 17 anos com este produto. O couro utilizado é de cordeiro, e são necessário três animais para confecionar uma bolsa. Apesar de macia, a bolsa possui uma costura acolchoada, cujo processo é top secret, que a deixa resistente. A industrialização da CHANEL 2.55 é realizada atualmente pela Karl Lagerfeld que criou novas cores e o uso também da corrente de prata, enquanto a original é dourada. Seu preço aproximado é de US$3.300,00. A CHANEL 2.55 figura como o sonho de consumo e a mais cobiçada a partir de 1980, segundo Anna Johnson em seu livro “O poder da bolsa”.



LADY DIOR
      A bolsa do estilista Dior se tornou símbolo de prestígio nas mãos de Lady Di. Foi criada com o nome “Chouchou”, mas quando em 1995, Bernardette Chirac a presenteou a Lady Diana, no dia seguinte em que apareceu nas mãos da princesa, foram vendidas 100.000 bolsas do mesmo modelo.

Vídeo: Lady Dior behind the scenes


KELLY BAG
      Criada pela Hermès em 1935 é um dos maiores ícones da moda. Mas foi apenas em 1955 que recebe o nome de Kelly Bag, porque Grace Kelly, a princesa Grace de Monaco, usou a preciosa bolsa da Hermès para proteger seu ventre, que abrigava o herdeiro do trono de Monaco, das lentes indiscretas dos paparazzi. Após esta imagem ser registrada na capa da Times o mundo feminino viu na bolsa Hèrmes um ícone de elegância. Em 1956 a Kelly Bag vira febre no mundo inteiro.




BOLSAS DO BEM

       “I’m not a plastic bag”. Com esta frase bordada em sua bolsa de pano a inglesa Anya Hindmarch encantou o mundo com sua ecobag. Desde então as ecobags tem se tornado um ícone da moda mundial.
       O Mercedes-Benz Fashion Week, realizado em Nova York, recebeu de estilistas brasileiros diversas ecobags. Alexandre Herchovitch distribuiu bolsas com estampas de Fernando de Noronha, enquanto Valdemar Iódice ofereceu bolsas com estampas dos lençois maranhenses e Carlos Miele, do pantanal do norte. O material utilizado na confeccção foi o ecoyogt (fibra de planta aquatica, originária da Amazonia) e leva apenas dois anos para se degradar. As tintas e fixadores são extraídas de plantas nativas como o urucum, macela, anileira, mamona e açafrão que proporcionam dez cores diferentes, como o salmão, verde-água, terra e carmim. Além de proteger o eco-sistema as sacolas oferecidas privilegiam a produção das comunidades ribeirinhas da Amazônia e a técnica herdada de tribos indígenas.
       Estar na moda hoje também é estar antenado com o social e o ecológico. O design re-assume seu compromisso com a cultura, com o social, a exemplo do pós-guerra. Ser sofisticado hoje é ser sustentável.


Postado por Bianca Werneck Martiniano, Jéssica Freitas e Nathália Vasques

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